Você sabe o que é design? Bom na sua cabeça, você deve estar falando “É óbvio que sei, essa resposta é muito fácil.”, mas será que sabe mesmo? Creio que aqui no Brasil ainda não temos uma boa definição, até porque ela é muito distorcida, já que 99% da população geralmente liga o significado da …
Afinal, o que é design?
Você sabe o que é design? Bom na sua cabeça, você deve estar falando “É óbvio que sei, essa resposta é muito fácil.”, mas será que sabe mesmo? Creio que aqui no Brasil ainda não temos uma boa definição, até porque ela é muito distorcida, já que 99% da população geralmente liga o significado da palavra à estética. Se é bonito tem design.
Um bom exemplo dessa distorção do significado da palavra no Brasil aconteceu em um episódio do “Cadê a Chave?”, um canal do Youtube, onde o apresentador estava falando sobre uma cadeira da Herman Miller. No vídeo ele diz a seguinte frase:
“…é a linha de cadeira mais cara do mundo, a linha de cadeira funcional, obviamente deve ter mais cadeiras, mas aquele povo que faz treco de design e coisa… sabe… coisa que não é para ser bom, é para ser bonito e você falar que pagou caro…”.
Essa afirmação exemplifica muito bem o que as pessoas entendem como design, porém ela está totalmente errada, pois se a cadeira em questão só é bonita e foi feita para você dizer que pagou caro por algo, te dou 100% de certeza que não é design, talvez arte, mas não design! Mas afinal o que é design?
Acho que a melhor definição de design que eu já ouvi foi a da minha coordenadora de faculdade, ela sempre diz “Design é processo”, e se formos analisar isso, é totalmente verdade. Para algo ser considerado design é necessário que ele tenha passado por um processo, uma metodologia, é necessário que ele sane um problema. O design não pode começar pelo final, se ele começar pelo final, não teremos passado por um processo, provavelmente não resolveremos o problema do cliente e com certeza não teremos feito um projeto de design.
Bernd Löbach, grande nome do design internacional, apresenta em seu livro “Design Industrial” (quem tiver oportunidade de ler esse livro, leia) que ao se desenvolver um produto, ele deve possuir três máximas: função prática, estética e simbólica.
- Função Prática: “São funções práticas todas as relações entre um produto e seus usuários que se situam no nível orgânico-corporal, isto é fisiológicas”. Podemos dizer que essa função tem como objetivo satisfazer uma necessidade do usuário.
- Função Estética: “A função estética é a relação entre um produto e um usuário no nível dos processos sensoriais.”. Nesse caso a função tem como objetivo ativar nossos sentidos, de forma que facilite o uso e entendimento daquele produto.
- Função Simbólica: “Um objeto tem função simbólica quando a espiritualidade do homem é estimulada pela percepção deste objeto, ao estabelecer ligações com suas experiências e sensações anteriores”.
Apesar dele definir essa máximas apenas para a área de design de produtos, vejo que podemos usá-las para todas as áreas do design, um projeto que não consegue alcançar esses três pilares, não pode ser considerado propriamente dito um projeto de design.
Vamos usar um exemplo prático, desde as últimas semanas estou participando de um desafio onde recebo diariamente um tema e alguns nomes para fazer um logo. Certo dia criei esse logo. Alguns de vocês irão gostar, outros não, mas o real questionamento é: Isso é design?
Na minha opinião não, pelo simples motivo dele não ser prático, esteticamente ele está agradável aos olhos, simbolicamente ele vai te remeter a algo, mesmo que seja só na questão de você interpretar que a chama ao final da palavra também é um “O”, porém qual a função prática? Nenhuma! Esse logo, se podemos chamá-lo assim, não soluciona nenhum problema, logo não se encaixa dentro das três máximas e não pode ser considerado um projeto de design.
Já esse outro exemplo é diferente, ele foi desenvolvido para resolver um problema de uma empresa que necessitava de uma identidade visual para o seu negócio, logo existe uma função prática para o projeto. A função estética está ali pois você consegue identificar a marca e simbolicamente todas as formas presentes no projeto remetem a algo infantil, que é o ramo da empresa em questão.
O que defendo neste texto é que o design é muito mais do que estética, não é porque algo é bonito que ele pode ser considerado design, existe muito mais por trás do design além da beleza de algum produto.
Essa é a minha opinião, e a sua qual é?