Em uma semana marcada pelo lançamento do iPhone 7 — sem grandes inovações de software ou hardware — decidi contar um pouco sobre uma grande figura por trás da monstruosa companhia da maçã: Sir Jonathan Ive. Uma ótima definição do que você é como designer é a maneira que olha para o mundo a sua volta. Penso até que …
O primeiro cavaleiro do Design
Em uma semana marcada pelo lançamento do iPhone 7 — sem grandes inovações de software ou hardware — decidi contar um pouco sobre uma grande figura por trás da monstruosa companhia da maçã: Sir Jonathan Ive.
Uma ótima definição do que você é como designer é a maneira que olha para o mundo a sua volta. Penso até que seja uma maldição, estamos sempre olhando para alguma coisa e pensando: Por que isso é assim? Por que é dessa maneira e não daquela? Acabamos projetando constantemente.
Como é de seu perfil recluso, o Chief Design Officer da Apple pouco apareceu na apresentação oficial dos produtos, na semana passada. Assim como acontecia anteriormente com Jobs, foi o CEO Tim Cook o responsável pelo show de apresentação de novidades e planos pro futuro. Desta vez, no entanto, um conhecido sotaque britânico chamou a atenção na descrição das inovações de engenharia e design industrial. E cá entre nós, precisamos falar sobre este profissional 😉
Um Senhor projetista
Em 1997, Steve Jobs retornou à Apple com a difícil tarefa de levantar a empresa que fundou décadas antes. Quando conheceu um desajeitado designer labutando no QG, rodeado de rascunhos e protótipos, Jobs teve a imediata certeza que havia encontrado um talento que poderia reverter a longa trajetória de declínio da companhia. Este jovem era Jony Ive.
A parceria Ive e Jobs produziria alguns dos produtos tecnológicos mais icônicos de nossa história — incluindo o iMac, o iPod, o iPad e finalmente oiPhone. Tais invenções não somente fizeram da Apple uma companhia bastante valiosa, mas também mudaram os rumos da indústria, construíram uma base sólida de fãs e criaram uma marca global. Se você não têm muita intimidade com a história da Apple, essa apresentação resume tudo brilhantemente.
Neste caminho, Ive se tornou um líder inovador no assunto Tecnologia, faturando incontáveis prêmios e sendo condecorado Sir (Knight Commander of the British Empire) por seus “serviços prestados à tecnologia e ao empreendedorismo”.
Contudo, apesar de tantos triunfos, muito pouco é conhecido sobre a figura reclusa do cara conhecido como “parceiro espiritual” de Jobs na Apple. Depois de ler “JONY IVE — O gênio por trás dos grandes produtos da Apple” deLeander Kahney, resolvi reunir algumas informações sobre Ive e montar este artigo.
Como já mencionei antes neste espaço, é inegável que trabalho de JonathanIve apresenta muitas influências da obra do designer alemão Dieter Rams.Muito se falou sobre plágio mas o próprio alemão explicou a história e elogiou o valor produtivo de Ive e sua equipe. É claro que, no mundo em que vivemos, isso geraria muita fofoca e zoação, que tendem a reduzir a figura de Jony. Eu mesmo conheci seu nome primeiramente pelos memes e palhaçadas do que por seus feitos (principalmente o fake Twitter, que é muito bom)! Mas não quis me restringir a um conceito raso, um pré-conceito convencionado na comunidade do Design. Corri atrás, pesquisei e descobri quem realmente é o cara e o que ele fez por mim, por você, pelo mundo.
Sir Jonathan Ive, nascido em Londres em 1967, é um designer britânico que se mudou para San Francisco em 1992 para trabalhar na Apple. Desde 1996, é o líder do Departamento de Design Industrial da empresa, tendo acumulado o cargo de Vice Presidente Sênior após a morte de Steve Jobs.
O fato é que é muito fácil ser diferente, mas muito difícil ser melhor.
O sujeito é um inglês de cara fechada, visual sóbrio, avesso àquele modelo de designer hipster que se poderia imaginar. Representa muito bem um tipo britânico médio que esbraveja e cospe ‘palavrões’ com certa frequência. Defende a beleza de produtos industrializados e machine-made em uma sociedade que tende a valorizar mais produtos manufaturados. É designer industrial de formação mas participa ativamente da produção de User Interfaces (UI) para sistemas e apps que usamos no dia-a-dia.
Como designer obsessivo-compulsivo que é, mencionou uma vez que a melhor parte de trabalhar na Apple é poder fazer muito mais do que projetar computadores. Desta forma, Ive atua até mesmo no desenvolvimento dos pontos de venda da Apple, se interessando por tudo — desde mobília até displays automatizados.
Seguindo esta linha de múltiplos interesses e atuações, Jony Ive se apaixonou pela Arquitetura — área em que agora também atua. Hoje, trabalha na reforma de sua própria casa em San Francisco e é um dos líderes da construção do Campus Apple 2.0 em Cupertino — um projeto super inovador que certamente deixa todo mundo babando.
Vai dizer que não é de cair o queixo?
Mais adiante, voltarei ao tema novamente com um artigo mais descritivo e completo contendo os principais ensinamentos de Jonathan Ive, numa coletânea de várias entrevistas. Fique ligado!
Um contraponto sobre a Apple
Um fato curioso que enxergo hoje em dia é que os caminhos da concorrência no mercado de tecnologia fizeram com que a Apple aparentemente se desviasse um pouco do planejado por Jobs, em seu retorno na década de 90.
No livro sobre Ive já citado, é bastante destacado o planejamento do CEO e guru Jobs reduzindo um sem-número de produtos a uma matriz de produção simples e poderosa.
Steve definiu que a Apple deixaria de fabricar impressoras, periféricos, monitores e outras traquitanas para se focar em 2 públicos Consumidor e Pro — com duas soluções para cada grupo, uma fixa e uma móvel.
Desta forma, todas as equipes da empresa se debruçaram sobre 4 produtos que passaram a ser o Norte para a indústria de Engenharia de Tecnologia e Design.
Hoje observo atento à proliferação de iPhones e iPads de tamanhos e configurações diferentes, além da grande variedade de devices já à venda na Apple Store. Parece que o mercado os fez tomar um caminho que, curiosamente, não tem garantido maior crescimento ou inovação. A impressão é que, apesar do pensamento diferenciado de Ive, a pressão por novas vendas sem grandes soluções gera esse estranho desmembramento de um produto em vários, que no fim das contas, são muito menos impactantes que o primeiro. Afinal, por que eu, consumidor, compraria um iPad Mini ao invés de um iPhone 6 Plus? Ambos tem basicamente o mesmo tamanho, as mesmas funções e custos parecidos. Mas um é um telefone, o outro não.
Ou talvez saibam exatamente o que estão fazendo, tem planos para tudo, e eu é que não tenho percebido. Afinal, quem sou eu para questionar?
…
Finalmente, se você se perguntou sobre a relação de Star Wars com este texto, saiba que J.J. Abrams consultou Jony Ive sobre o Sabre-de-Luz de Kylo Ren. Ouviu de Iverecomendações e debateu algumas ideias. Será que ficaram nessa? Vai que rolou um rascunho, quem sabe. Afinal, os caras são bons amigos… um dia talvez descobriremos. Afinal, Jony Ive sempre gosta de projetar coisas novas — nas mais variadas áreas.
É, amigo(a), Sir Jonathan Ive não somente criou seu legado. Ele também está eternizado em Star Wars! Tá bom ou quer mais?
Agradeço seus minutos de leitura. Se curtiu espalhe a palavra, vai ajudar me motivando a escrever. Tenha uma maravilhosa semana, até a próxima!