Qual a validade do diploma na atividade do designer? Motivado por este tema recorrente, fui mexer em 'minhas gavetas antigas', refletindo sobre o que pode ser melhorado no ensino formal dos mais jovens. O que realmente aprendi Nos tempos de faculdade sempre fui um estudante regular. Frequentava as aulas e me doava com afinco aos estudos …
O que faltou ao ensino da faculdade?
Qual a validade do diploma na atividade do designer? Motivado por este tema recorrente, fui mexer em ‘minhas gavetas antigas’, refletindo sobre o que pode ser melhorado no ensino formal dos mais jovens.
O que realmente aprendi
Nos tempos de faculdade sempre fui um estudante regular. Frequentava as aulas e me doava com afinco aos estudos que mais me agradavam. Levava adiante as matérias pelas quais me interessava menos ou, na época, achava que faziam menos sentido na grade curricular. Meio CDF como sempre fui, passava em tudo, sem sufoco ou brilho. Cursei Desenho Industrial — Habilitação em Comunicação Visual — na Universidade Estadual de Londrina. Participei de estágios remunerados, cursos e uma variada programação extracurricular, além de usufruir com brilho (aí sim!) dos heterogêneos campus e comunidade universitária.
No dia-a-dia aprendi coisas muito úteis, que ainda utilizo hoje em dia: História da Arte, conceitos e filosofias do Design, procedimentos e projetos, Sociologia, Fotografia e a importante interação com outros designers, seja nas horas boas ou nas noites viradas para entrega das coisas no prazo.
Entre o conteúdo menos utilizado, estudei Desenho de Observação, HQs, Escultura e algumas outras disciplinas que na época pareciam ser heranças do bacharelado de Artes Visuais, de onde nosso curso se desprendeu alguns anos antes.
Na época, como a internet nem sombra do que é hoje em dia, nosso conhecimento de ferramentas e software era bastante básico e as poucas aulas que tivemos nos últimos anos não acrescentaram muita coisa. Design para Interfaces foi um universo que a vida e meu interesse acabaram me ensinando. E aprendo muito até hoje!
Contudo, já faz mais de uma década que me formei. Imagino que muito possa ter sido modificado, que a grade curricular atual é muito mais moderna e voltada à realidade atual. Sorte dos mais novos!!
Em meu estudo formal, creio que aspectos interessantes ficaram de fora.
O que eu gostaria de ter aprendido?
Possuir empatia
Certamente, algo que falta no ambiente de sala de aula é um choque de realidade, de forma geral. Seria muitíssimo importante aprender a entender problemas que estão fora de nossa zona de conforto. Infelizmente a vida universitária nunca me ensinou a lidar com gestores, clientes, desenvolvedores e outras posições que orbitam nosso mundo profissional dialogam conosco a todo momento.
Quando deixei a faculdade não entendia por que as pessoas não compreendiam minha linguagem, não valorizavam meu trabalho tanto quanto eu e por fim não entendiam bem o que eu poderia fazer por elas e seus interesses. Entender as pessoas e suas motivações — aliás — é uma capacidade importante que eu precisaria aprender antes. Além disso, não levar tudo tão a sério e de maneira definitiva, sempre insistir um pouco mais e tentar ver as coisas pelo ponto de vista do outro seriam importantes habilidades que gostaria de ter possuído antes.
Criticar e ser criticado
Essa é uma carência importante e crítica. Na Universidade, quando se apresentava um trabalho todos sempre sentiam que os colegas acabavam sendo bastante complacentes. Nunca se sabia exatamente se eles não queriam criticar seu trabalho — pelas relações pessoais — ou não sabiam nem de onde partir para isso. Com isso, saímos do curso achando que nosso material era maravilhoso, que podíamos nos considerar profissionais prontos. Acabei aprendendo com a vida que tais pensamentos estavam muito equivocados.
Hoje, quando solicito que critiquem meu trabalho sempre deixo claro que espero uma opinião formal, expondo um ponto-de-vista técnico, seja ele positivo ou negativo. Se percebo que a pessoa está apegada ao seu apreço por minha pessoa e não às características do trabalho procuro questionar sobre os detalhes, de forma sequencial. Geralmente isso faz com que as opiniões reais comecem a brotar mais naturalmente. Quando o jogo é invertido, tento sempre ser o mais honesto possível criticando e apontando minhas motivações para cada uma das opiniões.
No final, o que realmente importa é que se você espera prosperar, tome as críticas e o entendimento delas como parte fundamental do processo criativo. E seja um crítico construtivo quando pedirem sua opinião.
Aprender a aprender
Eu sei que isso soa estranho mas eu realmente gostaria de aprender a aprender na Universidade. Gostaria de ser preparado para um aprendizado eterno sem nunca me sentir confortável com meu conhecimento atual. Quando me formei, tinha uma ideia de que já tinha um intelecto pronto para a profissão. Pensava que sabia o suficiente sobre Design e que isso me ajudaria a arrumar o emprego dos meus sonhos, sendo feliz para sempre. Acredito que grande parte se deve à arrogância natural da juventude (me formei com 21/22 anos!) mas os professores podiam e deveriam se debruçar mais sobre o assunto.
Hoje, consumo doses absurdas de conhecimento (as inúmeras abas do meu Chrome que o diga!) sobre Design de Interfaces, Desenvolvimento, TI, Empreendedorismo, o universo e tudo mais (:P). Ouço podcasts gringos sobre Design, uso redes sociais exclusivamente para o assunto e quando estou em casa, relaxando, assisto canais sobre tais assuntos no YouTube.
E ainda assim temo por me desatualizar. Por mais que consuma sempre fico aflito pensando em deixar alguma coisa importante passar. Ou muitas…
Refazer sempre é possível
Definitivamente, não existem projetos prontos. Tudo pode ser refeito e melhorado! Cabe a nós refletirmos sobre o Custo x Benefício do esforço contínuo em relação ao encerramento das atividades, seguindo para o próximo desafio. E isso, definitivamente não nos é ensinado.
Com certeza ajudaria bastante aprender que é possível refinar nossos projetos até um ponto, equilibrando as coisas. Como defende Voltaire, o ‘ótimo é inimigo do bom’ e o ‘feito vale mais que o perfeito’. A finalização de uma atividade é primordial e seu aperfeiçoamento é que vai garantir o sucesso ou fracasso. Trabalhamos um pouco deste assunto em algumas matérias mas é primordial que o conceito fosse ampliado para outras áreas. Que tal fluxo de trabalho? Finanças? Relação com o cliente? Gestores?
É preciso procurar novas formas de realizar e cumprir nossas tarefas, evoluindo a cada dia. Procuro sempre meios de tornar minha vida mais eficiente. O Design definitivamente mudou meu modo de enxergar tudo!
Ter um mentor
Outro bom ensinamento seria a respeito da busca por mentores. Receber conselhos e aprender de alguém pode fazê-lo evoluir de forma mais rápida. A pessoa nem precisa necessariamente ter a mesma formação que você, ela só precisa saber de algo que você deseja aprender.
Conheça-o pessoal ou digitalmente hoje em dia e ‘beba do seu conhecimento’. Isso lhe ajudará a evitar caminhos tortuosos e desafios pelos quais seu mentor já passou, te poupando saúde, tempo e dinheiro.
Lidar positivamente com crises
Conheça o que te deixa estressado e aprenda como evitar ou passar por cima disso. Pode ser um prazo de entrega, um valor a receber ou a pagar, uma dificuldade técnica ou qualquer coisa que afete profundamente seu humor e te impeça de realizar um bom trabalho. A parte mais difícil é justamente diagnosticar o problema. Uma vez diagnosticado, por tentativa-e-erro você descobrirá como aliviar a situação.
No meu caso, uma pausa para o café, uma voltinha na rua, uns minutos de Netflix ou uma mudança completa de foco (ler e escrever sobre tática futebolística, por exemplo) sempre acalmam meus ânimos. Assim, passo por cima das dificuldades dessa vida, dividindo (minha atenção) para conquistar (bons projetos).
E você, o que pensa sobre o estudo formal em Design? É seu caso? Ajuda muito ou pouco? Não é seu caso? E você vê vantagens e desvantagens nisso?
Quero escrever sobre o assunto. Partirei dos comentários desta postagem para pensar no tema. Aguardo sua palavra!
Agradeço seus minutos de leitura e por me seguir. Se curtiu espalhe a palavra, vai ajudar me motivando a escrever. Tenha uma maravilhosa semana, até a próxima!